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O uso de bicicletas e o desrespeito ao ciclista em Belo Horizonte.

Com o surgimento das ciclovias, está em tempo de debatermos um pouco sobre o assunto.

Desde que nos entendemos por gente sabemos que infelizmente, nós brasileiros, não temos a cultura de compartilhar o trânsito. E isto no Brasil é uma cultura de certa forma importada,  nunca foi tupiniquim, assim como os nossos veículos. Dos V8’s americanos aos esportivos europeus, passando pelas famosas motocicletas choppers, a cultura do consumismo e do petróleo imperam de forma implacável, avassalando o universo. Mas a grande verdade é que estes ícones motorizados também não podem ser responsabilizados por determinados comportamentos no trânsito. Pra quem já passa da casa dos 30 anos de idade, é fácil lembrar que quando éramos jovens não necessitávamos, pela lei, usar capacetes para transitar de motocicleta pela cidade. E ninguém perdia a cabeça andando de moto… O fato é que infelizmente sofremos com a falta de organização dos nossos órgãos governamentais. Em Brasília por exemplo, os responsáveis faziam campanhas a favor ao respeito às faixas de pedestres, enquanto os policias faziam plantões nas mesmas com seus blocos de multas em mãos. O Brasil sofre com o fraco processo eleitoral, com a corrupção e com o próprio descaso dos brasileiros quando o assunto é democracia. A política é defasada, assim como as leis. Estes fatos, aliados com a falta de educação, outro problema sério, abrem as portas para o que podemos chamar de canibalismo urbano.

Com a implantação das ciclovias em Belo Horizonte, nós como ciclistas profissionais, estamos sempre sendo indagados sobre o assunto, e ficamos impressionados ao comparar as opiniões. Chegamos a ficar perplexos com alguns comentários, principalmente quando relacionados à origem. Tem muita gente instruída dizendo que as ciclovias não vão servir pra nada, aliando esta opinião a geografia de altos e baixos da cidade. Para exemplificar de forma “tosca” como diriam os mais jovens, já ouvi pessoas super bem relacionadas com o mundo moderno dizendo que as ciclovias em Belo Horizonte são um projeto falho, que nunca vai dar certo. Também já vimos muitos chamados suburbanos apoiarem o projeto com uma visão bem mais atual. Não que eles tenham mais necessidade monetária de circular de bicicletas, mas com a convicção de estar contribuindo por uma vida melhor para si mesmo e para as demais pessoas que vivem dentro de um mesmo espaço chamado cidade. Lembramos que na Europa todas as pessoas, de qualquer nível social, usam bicicletas no seu dia-a-dia. O fato é que uma andorinha só não faz verão. Precisamos de uma rede de ciclovias interligando toda a cidade e suas regiões. Devia ser assim com o nosso metro também. Um outro exemplo é em relação ao projeto de urbanização, ruas fechadas e instalação de ciclovias na Savassi. Os lojistas reclamando que as obras estão prejudicando as vendas, estão solicitando que as obras parem para o período de festas de fim de ano. E digo mais, é mais fácil a prefeitura parar o projeto do que resolver de forma mais rápida.

A realidade é que mesmo com todas as dificuldades impostas pela falta de educação no trânsito, é crescente a necessidade de um trânsito mais ameno, respeitador e amigável. Como já dizia o poeta. Gentileza gera gentileza.

Você já reparou como as bicicletas invadiram a sua vida de alguma forma ultimamente. Novelas, comerciais, viagens, centros urbanos, parques… Cada vez mais. Lembre-se também que a bicicleta foi o primeiro sonho de consumo de muitas pessoas. Antes das motos e dos carros. Infelizmente a maioria dos brasileiros, mesmo sem condições, não cultuam a cultura do simples… bom pra refletir.

É aí que voltamos para discutir o uso das bicicletas e das ciclovias no Brasil. Porque não temos esta cultura mesmo tendo uma população carente financeiramente e precisando de soluções para o trânsito na maioria das cidades? A resposta: EDUCAÇÃO E CIDADANIA. Resumindo? GOVERNO! Basta você observar para reparar que as ciclovias não são respeitadas. Os blocos de concreto instalados para a ciclovia são quebrados pelos veículos, que também usam o espaço para estacionar. Culpa da pressa? A maioria das pessoas simplesmente ignoram as faixas de trânsito, as faixas de pedestres.

E isso também vem de berço. O problema é que no Brasil podemos associar isto, sem dúvida nenhuma, à currupção e a falta de interesse público que o brasileiro desenvolveu. Basta nos comparar aos argentinos e europeus por exemplo, com as suas manifestações bombásticas. Não que devemos apoiar a violência, mas tudo tem limite. E o nosso já se foi faz tempo mas ninguém se preocupa. Isso sem falar do Congresso, do Senado, da ignorância de muitos políticos eleitos por uma população ignorante. Brasília é uma piada. Aliamos isso ao tal jeitinho brasileiro e pronto, nada se resolve no Brasil.

Vamos continuar a faxina? Até a próxima…

Um grande abraço e bons pedais.
Luiz Morais – Magrela’s LifeStyle Cicloturismo.

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