Serra do Cipó
A Serra do Cipó está localizada na região sul da Cordilheira do Espinhaço. A única cadeia montanhosa do Brasil que, devido às suas características de formação e extensão, pode ser considerada uma cordilheira. É o abrigo de diversos cânions, cavernas, paredões para escalada, trilhas, rios e cachoeiras. Também é possível encontrar pinturas rupestres datando de mais de cinco mil anos, e vestígios de uma estrada construída por escravos no século 18.
Com o objetivo de proteger a região, foi criado em 1984 o Parque Nacional da Serra do Cipó. A região também é considerada uma reserva mundial da biosfera pela UNESCO, devido às suas grandes riqueza naturais, onde muitas das espécies são endêmicas e estão ameaçadas de extinção.
SOBRE PARQUES:
Um Parque é uma unidade de área que apresenta um conjunto natural de excepcional importância.Destinada à conservação da natureza, pesquisa, lazer e educação ambiental, estas áreas possuem um plano interno de uso sustentado para o lazer e o turismo.
PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CIPÓ
A Serra do Cipó é um dos conjuntos naturais mais exuberantes do mundo. Sua história geológica é complexa e data do período pré-cambriano, com suas rochas arenosas que foram formadas por depósitos marinhos há mais de 1.7 bilhões de anos.
Aspectos culturais e históricos
Além das pinturas rupestres, que registram a presença humana há milhares de anos na região, há aspectos culturais relevantes de um período mais recente. Após o ciclo do ouro e dos diamantes, em meados de 1824, a região da serra do cipó viveu um período de decadência econômica, caracterizado por propriedades onde muito pouco se plantava, em parte pela pobreza dos solos, em parte por um desinteresse cultural.
Havia apenas uma pecuária extensiva que já então usava práticas predatórias, como queimadas sem qualquer controle, que reduziram drasticamente a área de matas e cerradão e que persistiram até os dias de hoje, constituindo um dos principais problemas do parque.
A única atividade agrícola mais intensa foi a utilização das várzeas inundáveis para o plantio sobretudo de arroz, associado ao corte seletivo de madeira nas matas de galerias do rio cipó, que só se interromperam com a criação do parque nos anos 80.
Há na região uma comunidade descendente de escravos, que cultivam elementos culturais praticamente inalterados, como a dança do “candombe” que é praticada em belas festas que registram o sincretismo religioso dos afro-descendentes.
Nos anos 60 e 70 intensifica-se o uso da região para fins turísticos. A população local vai aos poucos migrando de atividades agro-pecuárias para atividades direta ou indiretamente relacionadas ao turismo. Antes da criação do parque e da área de proteção ambiental morro da pedreira, que o circunda (1990), destacou-se a atividade da coleta de “sempre-vivas”, que acabou tornando-se uma ameaça à sobrevivência das espécies com este tipo de flores, devido à forma desordenada como era praticada.
Hoje um dos símbolos da serra do cipó é o Juquinha, personagem folclórico da região, homenageado com uma estátua à beira da rodovia mg-010, que era um coletor de sempre-vivas e de orquídeas e bromélias.
Atualmente a maior parte da população local dedica-se a atividades relacionadas direta ou indiretamente ao turismo, como condutores de visitantes, funcionários de pousadas, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais, aluguel de cavalos etc.
Informações interessantes:
- Os bandeirantes cruzavam a Serra do Cipó no século XVIII em busca de ouro e pedras preciosas.
- Esta região era conhecida como Serra da Vacaria e servia de acesso a Vila do Serro Frio e ao arraial do Tejudo (Diamantina).
- Serviu também aos viajantes (naturalistas) do século XIX: Lund, Warming, Spix, Von Martius, Saint Hilaire entre outros.
- Para preservar este patrimônio natural, foi criado em 26 de janeiro de 1990 a APA (Área de Proteção Ambiental) Unidade de Conservação Parque Nacional da Serra do Cipó.
- Vale lembrar que numa APA, as atividades de lazer e turismo são incentivadas.
- A Serra do Cipó é um divisor de águas das bacias dos rios São Francisco e Doce, com o rio Cipó correndo para o São Francisco.
- Diversos rios de relevância regional têm suas nascentes no Parque e suas águas nascem em montanhas rochosas e lançam-se em cachoeiras espetaculares.
- Há na região sítios arqueológicos com pinturas rupestres de enorme importância, indicando civilizações de até 15.000 anos.
- O principal problema enfrentado no Parque é o combate aos focos de incêndio, por não haver aceiros no entorno da Unidade de Conservação.
- O fogo iniciado em terras vizinhas penetra no Parque.
- As águas que nascem dentro do Parque são tão puras que podem ser utilizadas como padrão no monitoramento da qualidade das águas da região.
- As matas de galeria são constituídas por vegetação frondosa, de 10 a 15 metros de altura que crescem junto aos cursos d’água e abriga espécies comuns a Mata Atlântica e Cerrado.
- As matas de galeria são estreitas, porém vitais para proteção das águas.
- O clima na Serra do Cipó é classificado como subtropical, com verões frescos e estação seca bem pronunciada.
- A temperatura média anual oscila entre 17 e 19 graus. Entretanto, as oscilações de temperatura ao longo do dia são enormes.
- Controlado pelo Ibama e está situado na porção sul da Cadeia do Espinhaço, é um dos conjuntos naturais mais exuberantes do mundo.
- Suas terras estão situadas nos seguintes municípios: Jaboticatubas, Santana do Riacho, Morro do Pilar, Nova União e Itambé do Mato Dentro.
- É circundado pela APA – Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira, com cerca de 66.000 hectares.
- Uma APA convive com ocupações humanas, assegurando o bem estar das comunidades residentes. Para tanto existem normas de conduta a serem observadas.
- Os objetivos principais da APA Morro da Pedreira são proteger o PARNA (parque nacional) Serra do Cipó e parte do conjunto paisagístico da Cadeia do Espinhaço.
- A história geológica da região data de cerca de 1,7 bilhão de anos.
- Localizado a apenas 100 km de Belo Horizonte, o Cipó tem um história geológica complexa.
- A área total do Parque da Serra do Cipó é de 33.800 hectares (ha – 100 hectares são iguais a um quilômetro quadrado) com um perímetro de 154 km.
- O vento sopra durante todo o ano, ajudando a manter um clima bastante seco na região.
- Dentro do parque não é permitida a circulação de veículos automotores, e os caminhos e trilhas no seu interior só podem ser percorridos a pé, de bicicleta ou à cavalo. As estradas que dão acesso ao parque são todas estradas de terra algumas em más condições, que apesar de permitirem o tráfego de veículos normais de passeio, são percorridas com mais facilidade em um veículo 4×4.
ASPECTOS FÍSICOS E BIOLÓGICOS
Clima:
O clima da Serra do Cipó é do tipo tropical de altitude com verões frescos e estação seca bem definida. As temperaturas médias anuais ficam em torno de 21 ºC.
Relevo:
- A área é dividida em dois Geossistemas: Geossistema Montanhoso do Espinhaço (conj. de linhamentos de cristais e superfícies aplainadas entre 1.100 e 1.600 metros) e Geossistema Semi-montanhoso da Bacia Inter-planáltica do Médio Rio Cipó (correspondem aos vales).
Fauna:
- A fauna da região da regia já foi bastante pesquisada, embora menos que a flora. Entre os mamíferos há diversas espécies ameaçadas, como Lobo-Guará, o veado catingueiro, a onça parda e o gato maracajá. Outras espécies outrora existentes, não são registradas há muito tempo, podendo estar localmente extintas, como o tamanduá bandeira e o cachorro do mato vinagre. A avifauna da região tem registradas cerca de 180 espécies. A única endêmica restrita é o “João Cipó” (asthenis luisae), havendo três espécies endêmicas à serra do espinhaço: “rabe-mole-da-serra” (embernagra longicauda), “papa-mosca-de-costas-cinzentas” (polystictus superciliares) e beija-flor-de-gravatinha-verde (augastes escutatus). Os gaviões tem importante papel regulador de populações de pequenas aves e roedores, com destaque para o “Gavião Carijó” (rupornis magnirostris). Algumas aves são encontradas apenas em ambientes aquáticos, como a “lavadeira mascarada” (fluvicola nengeta) e o “martim-pesacador-pequeno” (chlorocelyre americana). Também são muito vistos a seriema (cariama cristata), o tucano (ramphastus toco), o “sofreu” e as maritacas. Os anfíbios estão entre os grupos com maior grau de endemismo, assim como os insetos, grande parte dos quais associados a plantas e ainda em grande parte desconhecidos pela ciência.
Vegetação:
A vegetação da serra do cipó é bastante bem estudada e a diversidade de sua vegetação é enorme. Há muitas espécies de plantas que não existem em nenhum lugar do mundo, só neste Parque – endémicas).
O destaque são os campos rupestres (que significam a maior parte do parque), que recobrem as regiões de maior altitude (1000 a 1600 m), principais responsáveis pela excepcional riqueza de espécies (mais de 1800 espécies já descritas na região) e pelo elevado grau de endemismo. Quem percorre os planaltos da região no outono e na primavera costuma se deparar com verdadeiros “jardins” das mais variadas formas de flores de todas as cores. Chama a atenção a variedade de espécies dentro de alguns gêneros, como paepalanthus, vellozia, chamaecrista, por exemplo. Em regiões de umidade um pouco mais elevada encontram-se as matas mesófilas (os chamados capões de matas – que são manchas de vegetação arbórea localizadas acima dos 1.300 metros no Cipó e, por isso, sempre foram utilizados pelos homens para a obtenção de madeira e para o estabelecimento de áreas de cultivo). Nas áreas mais baixas encontram-se amostras de cerrado e cerradão.
- Ao longo dos rios e cursos d`água estão sempre presentes as matas ciliares e nos afloramentos de calcário que margeiam a serra encontram-se as matas secas sobre calcário, além de cachoeiras, canyons, cavernas, e sítios arqueológicos.
- No Cipó os cerrados ocorrem na parte baixa, entre 700 e 800 metros. A partir dos 900 metros mistura-se com a vegetação dos campos rupestres.
- Outro tipo de vegetação encontrada são as matas secas, na parte baixa do Parque. Sua característica é perder as folhas na época seca.
Topografia:
- Pela topografia acidentada, formam-se inúmeras cachoeiras que atraem grande quantidade de visitantes oriundos principalmente da grande belo horizonte, mas também de outras partes do brasil e do mundo, sendo fundamental para a preservação deste patrimônio ambiental, o ordenamento da visitação.
- Uma das características mais marcantes da Serra do Cipó são os “serrotes”, formações rochosas que surgem do chão como que impulsionadas pelo centro da terra.
- Algumas espécies dos campos cerrados são o pequizeiro, pau-terra, pau-santo, ipê amarelo, cagaiteira, etc.
- A região onde se localiza a Serra do Cipó é também caracterizada por apresentar cavernas em rochas calcárias e quatziticas com inscrições rupestres.
OBJETIVOS DO PARQUE
Proteger uma área de excepcional beleza cênica, que abriga flora extremamente rica em espécies e com alta taxa de endemismo (que não podem ser vistas em nenhuma outra parte do mundo), rica fauna, onde se destacam os insetos e anfíbios e imensa quantidade de nascentes que alimentam as bacias dos rios São Francisco e Doce.
USOS CONFLITANTES QUE AFETAM A UNIDADE E SEU ENTORNO
Um problema antigo que persiste e que talvez represente o maior impacto sobre o parque é a presença ilegal de gado em seu interior. Além do pisoteio da vegetação e de margens de córregos, os pecuaristas usam o fogo para renovar as “pastagens”, inclusive dentro parque, tendo sido responsáveis pela maioria dos incêndios florestais registrados em 2003. Outro problema ainda sem solução é a visitação desordenada, incluindo caminhadas e cavalgadas não autorizadas, que vêm sendo reprimidas na medida do possível. No entorno do parque, a visitação excessiva de alguns atrativos, sobretudo beira de rio e cachoeiras, a especulação imobiliária e práticas inadequadas, como o uso de motocicletas e jipes sobre a vegetação de campo rupestre são problemas graves, causando erosão e assoreamento de córregos. O desmatamento é um problema grave principalmente na região de morro de pilar e ainda se encontram eventualmente pontos de extração irregular de pedras para construção e cristais.